Movimentos e organização fazem marcha por reformas populares no Centro de Curitiba

Foto: Ato pelas Reformas Populares

As bandeiras, cartazes, faixas, músicas e palavras de ordem coloriram o 1º Ato pelas Reformas Populares, realizado nesta quarta-feira (10), no Centro de Curitiba. Cerca de 300 pessoas integrantes de movimentos sociais, entidades sindicais e estudantis, coletivos, partidos políticos e ativistas independentes participaram da manifestação, que teve início na Praça Santos Andrade às 11h e terminou na Boca Maldita, perto das 13h30.

Ato Reformas Populares A ação foi mobilizada pela Frente Popular, composta por diversas organizações que buscam fortalecer a unidade entre a esquerda, especialmente para a luta pelas reformas estruturais para o Brasil. Entre as pautas centrais está a reforma política, dos meios de comunicação, agrária, urbana, tributária e do judiciário.

Junto destas reformas gerais, de forma transversal e decisiva também estão as lutas por direitos dos trabalhadores/as, artistas, negros/as, população LGBT, mulheres, estudantes, sem teto, sem terra, indígenas e de todos os segmentos cotidianamente oprimidos e criminalizados em suas lutas.

Apesar da movimentação no Centro da cidade, em um horário com grande circulação de pessoas, os meios de comunicação locais não noticiaram a ação. A opção pelo silêncio reforça a posição adotada tradicionalmente pela mídia quando o assunto são os movimentos sociais populares. A invisibilidade já não se repete quando se trata das frustradas manifestações puxadas por grupos de direita.

Assembleias na praça para tomar as ruas

Assembleia dos Movimentos

Com o intuito de tornar mais plural e aberta a construção da Frente Popular, as reuniões de preparação da marcha foram ao ar livre, no formato de assembleia. Apesar do barulho da rua movimentada, o tempo sem chuva ajudou nos três encontros que ocorreram pré marcha, realizados na Praça de Bolso do Ciclista, no começo da rua São Francisco.

Ato pelas Reformas Popular_MPMO debate e mobilização para o ato também aconteceram de maneira decentralizada, a partir da ação de cada organização. O Movimento Popular por Moradia – MPM, por exemplo, realizou quatro assembleias com o tema na ocupação Nova Primavera, no Sabará. Como resultado, a pauta da reforma urbana e as várias bandeiras vermelhas agitadas pelos sem teto ganharam força na marcha.

Ato Frente Popular_Democratização da MídiaIntervenções

A pauta pela democratização da mídia também apareceu por meio de intervenções organizadas pela Frente Paranaense pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão – Frentex-PR, pelo Levante Popular de Juventude e pelo Cefuria.

Uma “cabeça de televisão”, feita de caixa de papelão, carregava os símbolos e logomarcas dos grandes meios e questionava de onde vem as informações propagadas diariamente.

E uma moldura de TV serviu de cenário para a coleta de depoimentos entre os participantes da marcha, questionando o papel da mídia na sociedade atual.

>> Acesse aqui os depoimentos coletados durante a marcha:
https://www.facebook.com/frentepopularcuritiba

Unidade para avançar

Confira o depoimento de algumas pessoas representantes de organizações que integram a Frente Popular:

Anaterra Viana, do Fórum Popular de Mulheres e do Conselho Municipal da Mulher de Curitiba:
Montamos essa Frente Popular e vamos fazer um ato pelas reformas populares. Peço especialmente ao movimento feminista que a gente peça pela reforma política, para que a gente aumente as cotas e alcance a paridade, fazendo com que as mulheres tenham participação maior na política do país”.

Chrysantho Figueiredo, do MPM- Movimento Popular por Moradia:
“As conquistas dos trabalhadores nos últimos anos têm sido ameaçadas por setores da elite que tem empregado o ódio e a intolerância contra a juventude e a classe trabalhadora. A gente acha que está na hora de trazer as pessoas que vivem outras realidades na periferia das cidades, no interior dos estados e no campo para esse debate do porquê que esse governo, essas reformas estão sendo tão disputadas assim pela elite. Queremos mostrar que não é só a elite que vai às ruas defender os seus interesses, mas que o povo e a classe trabalhadora também estão mobilizados para defender seus direitos, uma vida sempre maior e uma sociedade com menos desigualdade social”.

Ana Paula_FrentexAna Paula Salamon, da Frente Paranaense pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão – FRENTEX-PR:
“É muito importante que o movimento pela democratização da comunicação esteja presente e integrado aos movimentos que hoje estão presentes nesse ato, porque a gente entende que nenhuma reforma profunda no país- seja do sistema político ou do sistema tributário-, vai ser possível se não houver uma regulação de fôlego do sistema de comunicação. A gente precisa olhar para o monopólio da mídia, para o coronelismo eletrônico. A gente precisa olhar para o sistema público de comunicação que está enfraquecido, para as rádios comunitárias. Então, todo esse arcabouço que envolve a questão da democratização da comunicação precisa ser olhado em profundida e ser regulado sim, ou nenhuma outra reforma será possível”.

André Vieira, do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Paraná- Sindijus:
“Esse movimento é para levantar as reformas populares, defender a reforma política, para defender a democratização dos meios de comunicação, as pautas dos trabalhadores, a reforma agrária, a reforma urbana e todas as reformas que interessam ao povo brasileiro. Precisamos também conter o avanço de uma direita golpista que, não contente em perder as eleições, agora está pressionando para que o novo governo aceite suas pautas. É imprescindível que a população levante suas bandeiras, reivindique seus direitos e defenda as reformas estruturais, que é a única condição que temos para avançar no nosso país”.

Victor Meireles, da Juventude Socialista do PDT:
Para que toda a população de Curitiba diga não ao golpe e, mais do que isso, proponha as reformas, sobretudo a reforma política, tão necessária para alternar a estrutura de poder no nosso país, dando mais vez ,voz e participação aos trabalhadores e trabalhadoras, ao grupo LGBT, aos negros, aos sem teto e aos sem terra. Vamos juntos nessa construção, vamos juntos e misturados nesta grande assembleia , neste ato da Frente Popular de Curitiba”.

2014-12-10 12.15.52Rosani Moreira, da Marcha Mundial das Mulheres:
“Para nós mulheres, essa luta pela mudança no sistema político brasileiro é central. A sociedade do jeito que ela está organizada não contempla as mulheres, assim como não contempla os negros e as negras, a comunidade LGBT ou todos aqueles que não são homens, brancos, adultos e heterossexuais. É a possibilidade que temos agora de trazer as propostas para a sociedade que a gente tanto quer”.

Robson Sebastian, do Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB:
“Uma das pautas importantes e centrais neste dia é a luta pela reforma agrária, pela democratização do acesso à terra, por melhores condições de vida no campo, para que a gente possa alterar essa estrutura injusta e opressora que por séculos tem privado as pessoas de trabalhar a terra  e ter uma vida digna no campo. Portanto, hoje também é um dia de luta por reforma agrária, justiça e dignidade no campo”.

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